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Mercado bilionário aguarda a proteção do seguro
mercado - 09/07/2025
Estamos falando de um setor que, já em seu primeiro ano pós-regulamentação, deve movimentar cerca de R$ 200 bilhões, recolher tributos entre R$ 15 e 20 bilhões e gerar mais de 100 mil novos empregos. Já nascemos gigantes e a nossa contribuição ao País e à sociedade pode se expandir progressivamente nas mais diversas perspectivas. A afirmação é do secretário-geral da Associação Brasileira do Jogo Positivo (AJP), João Lucas Papa, que há algum tempo busca a proteção do seguro para o setor. “Nós começamos este movimento de aproximação com o setor em 2023. Mas só a partir da entrada em vigor da Lei 14.790/25, quando as nossas atividades passaram a ser 100% lícitas, foi possível avançar nas conversas.
O nosso objetivo é oferecer mecanismos de proteção à operação, aos profissionais do setor e - principalmente - aos consumidores de apostas, jogos e cassino”, acrescenta o executivo.
Ele salienta que, por ser oriundo do mercado de seguros, sempre enxergou similaridades entre ambas as indústrias. “Se há risco, é uma aposta. Se há probabilidades, é uma aposta. Isto é notório e inegável. Mas, existem também os aspectos lúdicos de determinados produtos do setor de seguros que se aproximam muito da nossa indústria, que é uma indústria voltada a experiências de entretenimento”, pontua Papa, que cita o Seguro Dotal como uma espécie de “aposta por sobrevivência” entre segurado e seguradora.
Na visão dele, esses pontos comuns que “conectam” os dois setores podem ser um facilitador para estimular ainda mais o crescimento das atividades de Seguros e Gambling, bem como na concepção de novos produtos adaptados ao cenário de apostas, jogos e cassino como um todo.
Papa acentua também que, como cerca de 90% das atividades do setor se concentram, hoje, no mundo digital, o seguro contra Riscos Cibernéticos surge como a opção mais “premente”.
Já para proteger e garantir a solvência da indústria, outros ramos também de Linhas Financeiras, como Garantia, Crédito, D&O e E&O, deverão ser os mais demandados. “Quando nossas operações transcenderem do digital para o físico, sobretudo nas atividades de cassino, buscaremos proteções como as do Seguro de Riscos de Engenharia, Seguro RC Obras, Seguro de Máquinas e Equipamentos, além dos seguros para proteger todos os colaboradores envolvidos nas grandes obras e construções que vêm por aí”, frisa.
Devem existir, também, demandas tanto para as atividades iGaming como para gamers e seus itens adquiridos em jogos - que, não tão usualmente, costumam ser “sequestrados” -, de Responsabilidade para afiliados, demais influenciadores etc.; para as atividades lotéricas municipais e estaduais, que têm ocupado suas respectivas relevâncias institucionais. “Vemos com entusiasmo um potencial de novas proteções igualmente próspero”, sublinha.
Ele diz que olha “com muita atenção” para os mercados mais maduros, especialmente na Europa, para que se possa implantar no Brasil os mesmos modelos exitosos, assim como para mitigar possíveis falhas.
Tanto pela cultura securitária que a maioria dos países que prosperou nas atividades Gambling possui quanto pela sinergia entre indústrias e com o Poder Público, considerando que algumas proteções são obrigatórias, ele vê “um benchmark de valor”.
Nesse cenário, o apoio do mercado de seguros foi essencial para que a taxa de canalização (índice de valor total apostado em operadoras legais vs. valor total apostado em operadoras ilegais) beirasse 100% em algumas nações europeias. “Tudo isto concede vantagem competitivas aos grupos seguradores globais. Porém, qualquer seguradora - que tem em seu DNA o nobre propósito da proteção - está apta a prover soluções em seguros às operadoras Gambling, e os grupos de trabalho multissetoriais da AJP foram criados justamente para contribuir nesta missão”, revela.
Ele admite que esse processo enfrentará muitos desafios, seja pela falta da cultura da proteção por parte da sociedade ou a mentalidade imediatista do brasileiro - que acaba os impedindo de refletir sobre as consequências a longo prazo por buscarem resultados urgentes.
O próprio setor encara seus desafios regulatórios. “Mas pela irresponsabilidade com que se tratou a indústria Gambling, bem como pela passividade com que permitiram comunicar sobre o setor sem o devido conhecimento, o maior desafio é mostrar que aposta ou jogo não é estritamente ludopatia nem vice-versa. A ludopatia é a grande “nêmesis” da nossa indústria e está aí para ser entendida, prevenida e tratada, enquanto as apostas, os jogos e cassinos são experiências de entretenimento”, pondera Papa.
Ele aponta o Marco Legal dos Seguros (Lei 15.040/24) como algo favorável para o setor, por “ampliar os horizontes dos seguros” e alcançar todas as atividades lícitas. “Embora ainda possam existir restrições por parte de alguns grupos seguradores, toda operadora de apostas esportivas, jogos on-line e cassino, devidamente licenciada pela Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA), do Ministério da Fazenda, é elegível para contratar qualquer tipo de proteção securitária. Lembrando que a função social do seguro, como define o livreto “Função Social e Econômica do Seguro”, da Confederação Nacional das Seguradoras - CNseg, é atenuar os efeitos financeiros de eventos sobre os quais temos pouco ou nenhum controle - doença, acidente, morte, catástrofes naturais ou provocadas pela humanidade -, o seguro representa a diferença entre a segurança econômica (e, portanto, psicossocial) e a ruína”, ressalta o executivo, acrescentando que, em certos casos, como no Seguro Saúde, “a diferença pode estar entre a vida e a morte”.
Por fim, ele explica que a AJP nasceu para unir competências multidisciplinares, por meio de profissionais de excelência de diversos setores, com o propósito principal de transformar as atividades inerentes ao Gambling em uma experiência de entretenimento positiva. “Fazemos constante benchmarking com indústrias mais maduras para adquirir conhecimentos transversais, pois são experiências valorosas na criação do ambiente saudável, seguro e sustentável que vislumbramos para o País. Frequentemente, conversamos com autoridades, juristas e protagonistas corporativos de áreas distintas, congregando os nossos players em uma espécie de laboratório criativo de onde surgem ideias para que os nossos GTs (grupos de trabalho) possam elaborar tudo, colaborativamente, refletir com a intensidade necessária e propor soluções em todos os aspectos. Em pouco mais de seis meses de atividades, a AJP contribuiu de forma disruptiva e pioneira à indústria Gambling, e o nosso planejamento estratégico desenhado para até o fim deste ano é audacioso”, conclui.
Fonte: AJP